Vira e mexe ela me dizia que tal amiga era problemática, que me meteria em roubada, que tal garoto não era nada confiável e algumas vezes ela se limitava a dizer que o Santo dela não tinha ido com a cara da pessoa.
Isso me intrigava muito, como ela poderia dizer que a pessoa não prestava assim, na lata, à primeira vista, sem nem ao menos conhecer? Quanta bobagem...

Dia desses (como ela também costumava me rogar essa praga) me peguei fazendo exatamente a mesma coisa e senti uma cutucada lá no fundo do coração. Como assim?! Meu Deus do céu! Pasmem: Eu havia me tornado uma mãe implicante.
Repeti as mesmas frases (e creio que também deva ter repetido as mesmas expressões faciais) que ouvia da minha mãe, para a minha filha: "Esse garoto não tem cara de ser boa coisa" e ainda "Xiii....essa menina é falsa, isso não é atitude de amiga e ela tem inveja de você" e pior "Quando você for mãe, você vai me dar razão" Eita! Foi o ápice!

EUREKA!
Agora entendi como a minha mãe sabia isso tudo sem ter bola de cirstal ou pacto com uma entidade do além. Ela era...mãe.
É isso.
A maternidade nos confere uns super-poderes que não sou capaz de explicar com palavras, só sei sentir, mas esse sentir é tão certeiro quanto o ar que se respira.
Exercitando a maternidade há quase 13 anos, já aprendi que intuição materna é um troço respaldado pelos Deuses e que ninguém duvida. As mães fazem mesmo coisa de deixar Deus de queixo caído!
Já me questionei como eu acordei do nada no meio da madrugada e fui até o quarto das crianças, na cama da mais velha e a peguei engasgada muito seriamente na própria saliva... já me perguntei o porquê que eu levei um remédio contra dor e febre na bolsa sendo que eu só ia ao supermercado e as crianças estavam ótima e não me surpreendi quando a caçula começou a ficar vermelha e quente durante o percurso de volta...
E já vi olhinhos assustados me encarando quando eu disse algo do tipo "E nem tente fazer escondido! Porque eu sei que é isso que você tá pensando...que eu sou uma chata e que você sabe muito bem o que está fazendo. Acertei?!"
Pois é... aprendi a não questionar, a não duvidar nem deixar de obedecer a minha intuição.
Eu sou uma mãe implicante. Ponto.
Sou chata, pareço que sou a dona da verdade algumas vezes e isso soa autoritário e arrogante, mas fazer o que?! São ossos do ofício materno...ser chata e cricri é a nossa função.

Não me pergunto mais como a minha sabia se Fulano prestava ou não, eu só sei que ela sabia, pois ela NUNCA ERROU em 1 único julgamento que fez. Naquela época, no auge dos 12 ou 16 anos, eu jamais iria admitir e tampouco a escutava. Mas hoje...aha!!! Hoje ela é a primeira pessoa para quem eu pergunto se fecho ou não uma parceria com Fulano, se Fulano é confiável, se Cicrana está sendo verdadeira e se eu aceito ou não a proposta de trabalho.
Me arrependo muito de não ter dado ouvidos décadas atrás, com certeza, teria me evitado muito sofrimento!

Nao duvide e nem procure saber como a sua mãe sabe o que ela sabe, só saiba que ela SABE. SEMPRE. Preste atenção ao que ela diz.

Mãe, obrigada por ter sido tão implicante...
É o que eu também espero escutar daqui uns anos *risos*

Bruna Stamato