Aquela que chora, mas ninguém ouve, pois, os choros do bebê, de
cólica, de manha, de sono, abafam.
Aquela que as lágrimas não
escorrem. Não podem escorrer. Ao menos não em público...deixemos para o
chuveiro.
Aquela que dói, mas não só nos
braços e nas pernas... mas na alma.
A solidão materna, que vai
muito além da roupa manchada de leite e das olheiras evidentes. Aquela que
gerou também uma culpa, que ninguém ousa admitir. Porque, na verdade, ninguém
sabe porque tem...
Mas o fato, é que ela está lá.
Montada nos ombros, cravando esta estaca no esôfago, ou o correto seria dizer,
no ÂMAGO. Uma culpa por sentir reações humanas absolutamente normais. Mas que,
de repente não se pode mais externá-las.
Como cansaço, sono, fome,
frustração...arrependimento. Medo. Medo. Medo.
Mas, afinal, não te disseram?
Mães não são humanas! São super-heroínas.
Viramos um baú, um depósito de
opiniões alheias que nem sequer pedimos; de culpas ilegítimas, de projetos
arquivados; de medos escondidos como bicho papão embaixo da cama; de conselhos
antiquados de gente que nem nos conhece...de olhares questionáveis de nossos
companheiros. De dúvidas e mais dúvidas que se proliferam descontroladamente.
Ah, você não tem superpoderes
que te conferem energia por mais de 24 horas sem dormir? Não consegue praticar
mindfullness durante as mamadas? Hã?! Não ouvi direito...você ainda não consegue
passar a pilha de roupa lavada, varrer a casa toda, deixar a louça impecável e
o jantar servido e ainda tomar banho com direito a lavar o cabelo, secar,
escovar e manter a depilação e unhas em dia???
Não acredito!
Mas é tão simples...
Não, não...ninguém quer saber
das tuas noites em claro. Não foi você que quis ter filho? Então agora aguenta!
Ninguém quer saber da tua
exaustão psicológica...achou que ia ser fácil? Quanto exagero...mimimi.
Ninguém vai ouvir tuas
lamentações de madrugada, nem teus suspiros profundos ao se levantar pela
sétima vez em 1 hora. Mas...experimente elevar a voz ou suspirar mais
fortemente...O mundo lhe mostrará seus ouvidos.
E dedos inquisitórios, que te
dirão que você é a pior mãe do mundo.
E é capaz que eles te
convençam...
E dessa forma, a autoestima
materna vai à pique. Sem que ninguém, ao menos perceba.
As pessoas só cobram.
Poxa, por que você não faz uma
academia no final do dia? Depois de mal ter dado conta de uma casa inteira e de
duas vidas (no mínimo)? Ou tenta uma Ioga no intervalo, entre o Supermercado e
o banco.
Você precisa se cuidar! Se
engordar muito, perde o marido, querida! Se emagrecer demais, fica com cara de
doente, viu?! Se amamentar muito, o peito fica murcho...e se não amamentar,
você é uma desnaturada!
"Não faça cama compartilhada!"
eles insistem. O casal precisa do seu tempo a sós...
Mas e o tempo para a MÃE? A
MULHER por trás da mãe cansada? Ela ainda existe.
Só perguntam pelo bebê, mas
esquecem do fundamental...
Se não tiver uma mãe ok, com a
saúde mental e física em dia, não haverá um bebê saudável.
E não adianta tentar disfarçar,
pelo menos não para si mesma, minha amiga.
Mas, tenho uma boa notícia para
te contar!
VOCÊ NÃO É UMA SUPERHEROÍNA!
Talvez você não volte pro
manequim 36, talvez você não consiga concluir tua pós graduação em 3 meses como
planejado. Talvez você não se sinta absurdamente FELIZ e plena com a
maternidade e provavelmente você irá cansar e se questionar se foi a melhor
escolha.
E quer saber? É assim
mesmo.
Você não desenvolveu
habilidades de ler mentes ainda, embora vá conseguir muito em breve identificar
o choro pelo timbre...
Você não conseguiu abrir mão das suas necessidades fisiológicas.
Não aprendeu a estar em 3 (4,5) lugares ao mesmo tempo. Não vai conseguir se
sentir bem e revigorada dormindo 20 minutos pingado durante o dia. Não há
energético ou cafeína que dê jeito. Você não consegue comandar tua produção de
serotonina e ocitocina como bem quer e muito menos comandar o tempo ao teu bel
prazer.... Então, respire fundo. Sinto te dizer, mas você é humana. Mortal. E
altamente cansável e suscetível.
Eu desconfio muito das mulheres
que dizem que tá tudo super tranquilo e que seguem a vida normalmente...a
Maternidade é um tsunami de inaudita magnitude. E às vezes nós demoramos muito,
muito mais que os 40 dias para nos recuperarmos.
Não ser uma super-heroína não é
sinônimo de dizer que você não será uma supermãe. Mas o tal do "Instinto
materno" também requer treino e prática.
Ser uma "supermãe"
hoje em dia, no meu ponto de vista, quer dizer "fazer o melhor que eu
posso nesse momento" e isso inclui, a mim. Sim, fazer o melhor que posso
para comigo TAMBÉM. Aprendi, depois de muito me negligenciar pensando estar
beneficiando as crianças, que se eu não estivesse verdadeiramente em paz comigo
e com a cabeça ORGANIZADA, não haveria paz e organização nunca na minha casa e
meus filhos não seriam crianças e consequentemente adultos tranquilos. Pois
eles são nossas esponjinhas.
Então, a fórmula mágica para
ser uma "supermom" é se priorizar e cuidar de você mesma. Desconheço
outra receita.
Nada de criar culpas enormes
não, você já tem um bebê para carregar, está de bom tamanho.
Tire o mundo das costas, gata.
Se permita desfrutar da sua
condição de mero ser humano.
A Maternidade real é invisível;
solitária, ÚNICA e por vezes cinza. Então se dê tempo. Não se compare com
outras mães, lembre-se que é um período de adaptação e que nosso bom amigo
Tempo nos ajuda muito a entrar nos eixos novamente. Se dê esse presente, se
dê...TEMPO.
Um beijo grande!
Bruna Stamato
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