31 de dezembro de 2020. Planeta Terra. 18:45hrs. Se você está lendo esse texto, sinta-se abençoado, você é sobrevivente do ano mais desafiador e intenso que já existiu.

Somos. Somos sobreviventes. Muitos de nós não estão saindo inteiros, então não posso fazer como em todos os outros anos e desejar um 2021 pleno e sensacional. Mas o que eu posso e quero fazer é desejar que 2021 seja um ano CURATIVO. Um ano reparador; reconstrutor; reconfortante, como colo de mãe. Que seja um ano tranquilo, para que possamos juntar os nossos pedaços e, pela memória e honra dos que amamos e partiram na pandemia, possamos voltar a sorrir. Sem máscaras sociais e sem máscaras de tecido. Para que nos reencontremos com a nossa fé, nos reconectemos com a nossa essência e possamos sair da frequência do medo e da dor. O calendário de 2020 está se encerrando, mas com certeza suas marcas e lições irão perdurar...
Aos sobreviventes de 2020 quero dizer, que não se esqueçam do que foi, talvez, o maior dos ensinamentos que vamos ter na vida: Que ela, a Vida, é tão linda e efêmera quanto o borbulhar do champanhe de hoje na taça do brinde.
Então, que a única certeza que temos é o AGORA e que se quisermos, de fato, ser, fazer, dizer ou estar, que façamos isso AGORA. Porque o depois é o sonho mais louco e ousado da humanidade. O "Depois" pode não existir.
Aos sobreviventes desse ano caótico para uns e mestre para outros tantos, quero pedir que revejam suas prioridades, suas urgências e necessidades, afinal, 2020 esfregou na cara de todos nós, que nada é realmente tão urgente e necessário assim. Que podemos viver bem sem viajar à Paris, que conseguimos passar sem ir à manicure toda semana ou à balada todo sábado, mas que não vivemos bem sem o trivial; sem a nossa família; sem uma mente sã, sem o café da tarde na casa dos pais, sem buscar nossos filhos na escola e receber aquele abraço tão gostoso. 2020 deu para muita gente um presente impagável, mas que também pode ser uma maldição, como tudo na vida, vai depender de como aplicamos e à quem se aplica: TEMPO. Não estávamos acostumados a tê-lo tão despretenciosamente sentado em nossas salas para um café, rindo do despertador que se cansou de tocar.

Então, sobreviventes, que tenhamos aprendido a gerenciar o Tempo que nos é dado e que não mais o vendamos tão barato.
Porque no fim das contas, a vida não se resume às fotos da viagem à Europa, nem do carro novo que está na garagem ou o "look do dia". No fim das contas, nossa breve passagem por esse mundo se resume em como seremos lembrados, quantos sorrisos serão dados quando não estivermos mais aqui; quantos exemplos serão seguidos e passados; quanto amor oferecemos. Esse é o maior legado.
Então, sobreviventes de 2020, façamos valer cada minuto daqui para frente. Por nós, por quem amamos e por todos aqueles que nos amaram e que agora mandam luz e amor lá de cima.

Bruna Stamato