Uma das maiores lições que aprendi nos últimos anos foi saber respeitar o tempo e distinguir quando é hora de entrar no casulo, quando é hora de sair dele.

Há um momento na vida em que as opções se esgotam. Em que estamos totalmente sem forças e que parece que até Deus cansou de nós e parou de nos ouvir. Mas o silêncio divino é uma resposta bem clara e nítida. Ele diz: “ESPERE O TEMPO; OBSERVE.”

Nessas horas, em que estamos em uma batalha exaustiva contra o mundo, o melhor que temos a fazer é nos recolhermos e esperarmos os gritos e ruídos diminuírem; esperarmos nossa mente consciente retomar o controle e nosso coração ritmar outra vez. A alma precisa do casulo. Da quietude. Do fôlego.

E da solidão, por que não? Solidão não é abandono. Solidão nem sempre é vilã. Às vezes, ela é uma excelente aliada no processo de autoconhecimento.

Enfim, é chegada a minha hora de sair do casulo que foi minha morada segura nos últimos tempos, quando o mundo desabou na minha cabeça e eu tive a nítida sensação que era o fim da linha para mim.


Foram tempos de muita discussão e reconciliação comigo mesma. Mas o resultado desta convivência intensa foi o AMOR.

Ao longo desses anos, eu me dei conta de que o amor não é alguém; não é uma forma física, encarnada. Mas sim, um estado de espírito. Uma presença quase palpável. E que não devemos desejar parar de amar só porque não somos correspondidos da mesma forma como gostaríamos. Mas que devemos dedicar todo esse amor latente em nossos corações, primeiramente, a nós mesmos. E então, desta forma, sintonizamos na frequência universal do Amor genuíno, e aí começamos a atrair para nossas vidas pessoas e situações que estejam nesta mesma frequência.

O amor NÃO é questão de sorte. NÃO temos o “dedo podre”.
Amor é meritocracia pura. É quanto mais se dá, mais se recebe. E temos que fazer por merecer. Ou seja, temos que vibrar amor, mesmo quando tudo ao nosso redor vibra tristeza e rancor.

O amor conforta; liberta; revigora. O amor acalma. Clareia. Apazigua.

E, certas vezes, paz é tudo o que mais almejamos.

E aí, quando essa paz nos falta, nós a procuramos nos outros. Mas só aumentamos as lacunas. Porque só nós podemos preencher essas lacunas. Amor-próprio, às vezes, é absolutamente tudo que nos falta.

Agradeço ao meu casulo, por ter me permitido renascer. Agora, com lindas asas e não mais cheia de medo. Por me permitir um autoconhecimento muito válido, mesmo que muitas vezes às custas de sofrimento.

A dor também nos transforma. Mas, se para pior ou para melhor, é somente você que pode decidir.

No meu caso, preferi usar a dor como um agente modificador para o bem. Nunca desejei blindar meu coração contra o amor. Sempre quis que ele se mantivesse bem disposto e alegre para receber e celebrar tudo de maravilhoso que a vida tem para oferecer.

Houve um tempo em que eu tinha pena de mim e tristemente invejava as asinhas alheias.

Houve um tempo em que eu duvidava das minhas asas. Pensava que eram fracas e que eu cairia no chão ao tentar usá-las. Precisei testá-las quando me deparei com o abismo à minha frente e com a matilha feroz atrás de mim. Eu aprendi a usá-las quando não me restou outra opção.

Mal sabia eu, quão fortes são as minhas asas e quão alto elas podem voar! Se você está no seu casulo hoje, achando que é o fim, saiba que esse é um pensamento comum a todas as borboletas.

Nós não nos damos conta que as metamorfoses da vida são essenciais. Tudo neste planeta está ininterruptamente em processo de mutação. A água sai do seu estado natural líquido e se transforma em gelo ou vapor. Árvores perdem toda sua folhagem para renascerem ainda mais lindas na primavera seguinte. Cobras trocam suas peles; araras nascem sem penas e nós somos microscópicos espermatozóides. Quer metamorfose mais linda e louca do que a da própria vida?!

Que quem se recusa a mudar e afirma “Eu sou assim e ponto” está se condicionando a uma vida triste, limitando-se à mediocridade.

Ninguém neste mundo É algo, todos nós ESTAMOS algo. Eu já estive grávida. Eu já estive casada. Eu já estive desempregada. Eu já estive doente, eu já estive rica, já estive pobre. Já estive deprimida, já estive eufórica. Nós sempre estamos diferentes em determinados momentos da vida. Algumas vezes estamos advogados, noutras cozinheiros, noutras vendedores, noutras escritores e músicos. A vida é incerta e metamórfica. Essa é a única certeza que temos!
Casulos são oportunidades para renascimentos. Não o fim. Não se apavore diante do seu casulo. Não se debata. Apenas sinta. Deixe fluir. Confie no tempo, pois ele é o Senhor do Universo.

Todos nós temos asas. Certas vezes só precisamos discernir quando é a hora certa de nos desprendermos do casulo, pois se passamos da hora, murcharmos junto com ele.

É com medo mesmo que se voa. Para ganhar a vida precisamos fugir da zona de (des)conforto.

Eu já fui lagarta, mas a minha natureza, sempre foi BORBOLETA. E você?

Voe!

Bruna Stamato