Você está esperando o dia que vai ter superado a nossa
história por completo, o bendito dia que as lembranças de nós dois terão se
dissipado. Que eu serei um borrão apagado num passado distante.
Bobinho...mal sabe você que um amor como o nosso não se
supera, pelo "simples" fato de que não se vive isso uma segunda vez.
É o tipo de paixão que as
pessoas rezam para encontrar e morrem de medo quando encontram.
É um sentimento
muito grande, onde 1 vida só é pouca para viver.
É coisa que não acaba, no
máximo, adormece. Eu já vi gente sã, enlouquecer...
É saudade que não apazigua; é
beijo que não se acha igual e pele que nunca mais se completa.
Porque outros
corpos você vai achar, mas outro ser para trocar as almas, eu duvido muito.
Beijos mil...mas somente da boca pra fora, nunca mais, alma adentro.
Muito sexo
por fazer...mas amor, não se faz com qualquer um.
Muita gente linda por
encontrar, é verdade. Mas, muitos olhares sem nada a dizer.
Mal sabe você...quantas
noites de desespero ainda vai passar, quando se der conta e olhar para a frente e ver que todo o resto da vida perdeu a graça. Que tudo pelo que você tanto luta, perdeu o sentido de ser,
quando você perdeu por quem valia lutar.
Ah...mal sabe você, que o que sentimos um pelo outro nada tem
a ver com o Tempo. Porque tem coisas que o tempo leva embora, mas algumas
outras raras coisas o tempo só faz crescer. E se perpetuar dentro de nós.
Assim nós seremos. Morada fixa um no coração do outro, mas
corpos longes em distância física, compadecendo em silêncio, se revirando na cama, quase com uma necessidade fisiológica de tocar o outro, tanto quanto respirar ou comer, ansiando por
qualquer coisa que nos alivie a dor.
Ah, amor... Por que escolhestes o caminho mais doloroso? E
nos condenastes a solidão. Aquele tipo de solidão que não tem a ver com estar só. Me refiro ao pior tipo de solidão que um ser humano pode
experimentar, aquela que não se preenche nem com mil companhias... Àquela solidão
que vem nos consolar no meio da noite, quando mais uma vez acordamos no susto,
com o coração a um milhão por segundo, depois de sonhar com o ser amado, aquela
solidão que até enxuga nosso pranto, enquanto fazemos uma força enorme para
chorarmos calados.
Mal sabe você, que é a pior luta que se trava na vida; razão
mandando esquecer, emoção implorando para voltar. Tanto amor por fazer, tanta história para ser vivida. Suplica-se aos céus e a todos
os santos, pelo amor de DEUS, não é possível, nada conseguirá fechar essa ferida?
Não quero desanimar você, mas é o tipo de coisa que não dá
pra esquecer, no máximo, camuflar.
Camuflamos entre sorrisos sem vontade e baladas sem graça.
Entre interesses momentâneos e aquela vontade enorme de voltar correndo pra
casa. Mas, que casa? Casa é onde o amor está. Melhor então ficar...ficar pela
rua, até amanhecer. Beber mais um pouco e tentar se convencer, que tudo em
breve irá passar.
Mas, não passa. A única coisa que passou, em todo esse tempo,
foi a certeza de que a melhor opção era o afastamento. A saudade não passa. A
vontade, muito menos. O desejo, quanto mais tentamos matar, mais ele aumenta. A
raiva de nós mesmos por sentimos o que já deveríamos ter esquecido, também não
passa...
As lembranças, continuam vivas e coloridas. Alguma coisa ainda pulsa
insistentemente no coração. Será maldição? Uma privação súbita da sensatez?
Doença? Chame como preferir... o nome disso é um só: O Grande AMOR da sua vida.
Você terá outros amores, não se preocupe. Assim como você
teve outros antes de nós, mas se acostume e se conforme com ondas mais brandas.
Com faíscas sem labaredas. Com olhos sem tesão e beijos que não te acendem.
Se
conforme com intimidade sem encaixe, com cubas libres cheias de gelo e saudade,
com Nando Reis tocando sem reciprocidade. E por favor, contenha as lágrimas na
frente da tua moça bonita, quando tocar a nossa música...estranho seria se eu
não me apaixonasse por você....e se eu conseguisse esquecer tudo isso tão
fácil. Estranho seria se não fizéssemos a menor falta e se a vida tivesse se
tornado melhor. Ah, amor...se acostume a ser chamado de amor sem sotaque! A olhar a lua cheia sem lembrar de mim. A ter
outra pessoa no teu banco do carona, e a dirigir sem carinho na nuca...
Se
acostume a levar outras pessoas embora da festa e a querer sumir de si mesmo
quando a noitada acabar. Se conforme em começar uma nova história, sem querer
procurar similar, nem reproduzir o que vivemos. Nunca mais seremos...preste
atenção, nunca mais seremos para outras pessoas, quem fomos para nós dois.
Acostume-se
a ser novamente singular.
Mal sabe você...que daqui há 20 anos, ainda existirá em nós,
resquícios da nossa história e que então teremos que fazer muita força para
puxar na memória o rosto do outro. Mas, mesmo com a memória visual já falha, um
coração tatuado por um amor tão imenso, ainda baterá diferente ao ouvir meu
nome. Nesse dia, talvez eu seja um arrependimento ou, quem sabe, uma história
bonita que você contará aos seus netos. Os mesmos netos que sonhamos, enquanto
escolhíamos o nome do filho que nunca tivemos.
Conte com carinho, sem lembrar das discussões bobas e do quão
infantis fomos. Diga que você foi a inspiração de muitos dos meus textos e que
eu poderia escrever um livro sobre nós.
Mas, jamais faria isso. Você, é uma daqueles dores que
guardamos bem trancada no baú da alma, porque não queremos que ninguém saiba.
Tentando esconder e negar veementemente, de nós mesmos. Jogamos o baú no
abissal do âmago, rezando para nunca mais emergir.
Mal sabe você que o amor é a maior dádiva desta vida e que um
amor de verdade é insubstituível...mas você agora tem a vida toda para
descobrir.
Espero que tu tenhas encontrado o pote de ouro e paz que tu
não tinhas ao meu lado.
Ah...mal sabe você...
Bruna Stamato
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