"Calma, amiga! Deixa que o pai resolve."

Essa frase te soa estranha? Confesso que pra mim também já pareceu bem esquisita um dia, mas acredite, temos que nos acostumar com essa ideia.

Não é novidade pra ninguém que a maternidade é praticamente uma "carreira solo" feminina. Que a MÃE é a figura central do enredo, embora não ganhe nunca os louros merecidos. É o grande paradoxo materno.

Mas, a novidade é: Os homens TAMBÉM sentem! E se importam e SOFREM. 
Ao modo deles, claro. Com menos crises de choro e de auto estima afetada; Com menos dores físicas e na alma; Com menos palavras. Mas, arrisco dizer, com igual medo e insegurança sobre o papel deles como PAIS. 
Homens também têm depressão... se perguntam se darão conta, sentem o peso das responsabilidades aumentar e nem sempre sabem lidar com isso.  

É. A Paternidade TAMBÉM assusta, né amigo? E você tem o direito de sentir-se assim, devo avisar.

A maioria dos casais acha que a chegada de um bebê vai "selar" a união, estreitar ainda mais os laços matrimoniais e ser motivo de grandes alegrias e diversão. E isso acontece mesmo, porém, será necessário ajustar os ponteiros da relação antes. Será necessário uma auto análise prévia, um Checkup total de mente - corpo - alma, antes de dar início à vida REAL. Aquela que se dá no intervalo do comercial de Margarina.

Por que, de repente, o mundo virou do avesso? Sua esposa, companheira, alguém que você achava que conhecia tão bem, está tão...estranha? 
"A maternidade a mudou". De fato, a maternidade nos muda totalmente. E a gente precisa de um tempo para assimilar nossas novas funções. Mas, a gente não deixa, da noite pro dia, de ser quem somos e nos tornamos criaturas mal humoradas e cansadas, como se tivéssemos sido possuídas por um espírito malígno!
O que acontece é que agora, habitamos a "MOMLAND", uma terra desconhecida, onde nos sentimos sozinhas, incompreendidas e responsáveis por tudo.

Tua esposa parceira, brincalhona e sexy continua aí, debaixo dessa camisolinha com abertura frontal para amamentar teu filho. Ela só precisa de um pouco mais de engajamento seu, para retomar o controle.

Então, me permite um conselho, caro amigo macho? Chegue junto.

Eu sei que você também está se sentindo isolado, sem apoio nenhum, SOZINHO e sem saber o que fazer. Você está se perguntando o que está fazendo aí, já que só ELA da conta de tudo. Só ELA amamenta, só ela sabe dar banho corretamente, só ela sabe fazer as papinhas, só ela sabe que tipo de roupinha colocar para dormir. Só ela sabe preparar a bolsa pro passeio e só ela sabe onde ir.
Você também está estressado e sofrendo por vê-la assim, daí...para não "atrapalhar" mais, você passa um tempo a mais na casa dos seus pais. Você não pode conversar com ela, então procura teu brother pra desabafar. Você não "sabe fazer nada" mesmo, então não tem problema se for jogar um vídeo game enquanto ela anda de um lado pra outro da casa com o bebê no colo, irritado de sono.

"Essa mulher é louca! Afinal, se eu não posso fazer nada porque não sei, não dou conta, por que também não posso assistir meu futebol e sair um pouco? Ela me quer em casa pra quê?"

Pra saber que ela NÃO ESTÁ SOZINHA nessa jornada. 

É assim que ocorrem os afastamentos pós - chegada - do bebê.

Você achando que não serve pra nada e ela achando que você está de saco cheio de tudo e nem ligando.

Você tá lá com seu amigo, tentando entender o que está acontecendo e ela está lá com a mãe e as amigas, achando que você está com outra...Desinteressado e que parou de amá-la.

E é ao contrário! Você está ANGUSTIADO, e eu acredito.

Nós, mulheres, temos essa "mania" de carregar o mundo nas costas. De sermos "autossuficientes". De sermos multitarefas. Somos criadas assim, fazemos mil coisas e quando chega um filho, vemos que a coisa não é bem assim...que não damos conta sozinhas, que NÃO QUEREMOS estar sozinhas, mas aí entra nossa dificuldade em admitir isso. Não pedimos ajuda, com todas as letras, pois achamos que é ÓBVIO! Esperamos uma ATITUDE, pró atividade, ímpeto! Temos certeza que vocês, homens, SABEM que precisamos de uma força e não fazer porque NÃO QUEREM! 
Mas, na cabeça de vocês está tudo "OK", já que estão acostumados a nos verem fazendo milhares de coisas ao mesmo tempo.

Ás vezes, o homem se afasta para deixar a cena livre. Para não estressar mais. Para não causar mais DR. 

Homens não expõe sentimentos tão facilmente quanto nós, não são tão bons com palavras, não exteriorizam, mas isso não quer dizer que eles não sintam.

Então, mulherada, minhas amigas, será que não devemos olhar para eles com um pouco mais de carinho e compreensão?

Não estou dizendo para ser complacente com o bonitinho que vai malhar das 9 da manhã ás 2 da tarde, depois vai jogar bola, emenda no barzinho e volta pra casa ás 11 da noite, bêbado, se joga no sofá, e dorme. Sabemos que esse tipo existe, mas aqui nesse texto estou falando do seu MARIDO/companheiro/namorado. Estou falando do cara que sempre esteve ao seu lado, que vibrou com o resultado POSITIVO do teu teste, que chorou ao ouvir o coração do bebê pela primeira vez. Esse cara que enfrentou os piores medos para te acompanhar na sala de parto, que segurou a tua mão... Esse, com quem você planejou a vida e com quem quis tanto ter seu filho.
Será que ele também mudou da noite pro dia? E que "Os homens são todos iguais mesmo"??

Que tal dar um pouco de ESPAÇO para ele fazer as coisas? Se ele não PRATICAR, nunca saberá mesmo dar um banho direito, ter noção de como se acalma um crise de cólica, e de como se troca uma fralda. O pai não serve só para montar/desmontar o carrinho e o bebê conforto.

PAIS NÃO SÃO COADJUVANTES.

Deixe-os serem PROTAGONISTAS, se engajarem, penarem, errarem, se descabelarem, porque a vida é assim mesmo. Ninguém está pronto para ter um filho, antes de...tê-lo!

PAIS, homens, amigos, eu ACREDITO na capacidade e no amor de vocês pelos seus filhotes e companheiras! Acho mesmo que o que falta é POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO, apenas! 
Vocês NÃO SÃO VISITA, vocês não "AJUDAM" as mães, vocês são peça-chave e fundamental em todo processo, desde a concepção à criação de um ser humano. 
TUDO, absolutamente TUDO que a mulher pode fazer, vocês também podem! Salvo a exceção de dar o peito. O resto...

APROVEITEM! Curtam! Sintam AMOR! Saibam como é gostoso acalmar o bebê, senti-lo dormir profundamente em seus braços. Deixem a mãe descansar, tomar um banho demorado, ler uma revista, ir fazer as unhas, sem devolver o bebê no primeiro chorinho dizendo "TOMA! ELE QUER A MÃE!"
Nem sempre os bebês querem, necessariamente, as mães. Na maioria das vezes eles só querem se sentir SEGUROS. Acalentados. Protegidos.

VOCÊ CONSEGUE, PAI!

Deem TEMPO, um ao outro, para se adaptarem à nova vida. Para se empoderarem de seus papéis. 
Não é porque sua mulher não quer mais fazer sexo que ela deixou de te amar e não é porque seu marido quer fazer sexo contigo que ele "só pensa nisso". 
O sexo pós parto realmente é um período muito delicado de um casal, antes disso, sugiro que voltem a ser olhar fundo nos olhos. A sentirem o cheiro um do outro. A assistirem uma comédia e darem risada juntos. Desse jeito a coisa flui naturalmente, sem cobranças.
Sugiro que você, amigo, mime sua esposa e lhe escreva um bilhete ou simplesmente ofereça seu colo para ela descansar, sem julgamentos, sem dizer aquela velha frase "Não foi você que quis? Agora aguenta". Só A ESCUTE, sem retrucar, e você verá como ela renasce. 
E você, gata, não se isole. Aceite ajuda, incentive e deixe o bebê chorar no colo dele! Se cuide, cuide do seu cabelo, compre roupas novas e se precisar, fale comigo! *risos*

Espero ter, de alguma forma, ajudado ou pelo menos, aliviado um pouquinho os corações tão aflitos. Lembrem-se que é uma FASE. E que para que as placas tectônicas se ajustem, às vezes, terremotos são necessários.
Acredito em vocês!

Bruna Stamato