Respira. Você tem o direito de resPIRAR.


Mães deveriam ganhar, ainda na maternidade, a licença por escrito dizendo:

  
“ A partir desse momento, você, que é MÃE por direito adquirido, tem a licença de se sentir EXAUSTA e de pirar, esporadicamente, sob as formas que preferir: Choro livre; Gritos até 100 decibéis 1 vez por dia e gritos mais brandos, aos finais de semana, conforme a necessidade. Posts dizendo que está exausta e com conteúdo de querer sumir/fugir/evaporar: Moderados. Relatos sobre “Maternidade Real”: Liberados.
Reclamações do marido/companheiro de forma pública: A vontade. E mandar a família do marido/companheiro para àquele lugar: Recomendado 1 vez na vida. Mandar aquela mãe “perfeita” facebookiana que vem criticando todas as suas publicações: Altamente permitido. Permissão concedida também para negar visitas aos parentes chatos e negar recebê-los na SUA casa, quando você não quiser. Permissão para comparação da sua vida/filhos com outros: Negada. Permissão para amamentação, consumo de cerveja/chopp, refeições tranquilas e conversa fiada, bem como RESPOSTAS GROSSEIRAS A QUEM MERECER, (incluindo o uso de palavras de baixo calão) em vias públicas: Autorizada.


Vale lembrar, que de acordo com o decreto número 1.168 do Estatuto das Mães Reais, a mulher tem direito a: Banhos demorados, com direito a shampoo e hidratante; Comida quente em livre demanda; Café da manhã sem pressa; Filmes/séries quando bem quiser. Vinho antes de dormir, conforme necessidade. Adquirir bens materiais, mesmo que estes sejam considerados de cunho “Supérfluo” e “Desnecessário” para o marido/companheiro/ser do sexo masculino. Saídas com as amigas sem o acompanhamento dos filhos, sem ligações a cada 20 minutos, bem como idas individuais ao toilette.


Salientando que: A mãe/mulher/esposa/companheiro é um SER HUMANO. Não dispõe de super poderes, embora pareceça e requer atenção constante e assistência periódica em vários setores da vida, pois segundo demonstram estudos recentes, a mulher NÃO consegue dar conta de 100% dos afazeres diários, diferentemente do que todo mundo pensa.


Ressaltada a relevância da informação que PAI NÃO É VISITA e que PAI NÃO “AJUDA” e estão aptos e têm por OBRIGAÇÃO, a realização de TODAS as tarefas cotidianas igualmente realizadas por parte da progenitora, para com os filhos. Com exceção da amamentação no seio.


A MÃE se reserva ao direto de RESPIRAR, calma e tranquilamente, quando lhe for melhor.


A MÃE se exime da CULPABILIDADE MATERNA, imposta por ela mesma,  sem real argumentação contundente.


A MÃE confirma estar ciente de que está fazendo o seu melhor e que nem tudo no mundo depende dela.



Assinatura da mãe: ____________________________________

                                                   NÃO SOU OBRIGADA


São Paulo, 30/03/2017 “



Resumindo: Você tem o direito a sair, a comprar uma lingerie bonita, a fazer as unhas e se depilar, a AMAR! Voltar e estudar,  trocar de emprego, trocar de cidade, trocar de companheiro,  de opinião, trocar de carro e a NÃO DAR SATISFAÇÕES DE NADA DISSO A TODO MUNDO O TEMPO INTEIRO. Você não é OBRIGADA a aguentar tudo.


Você tem o direito de se sentir EXAUSTA, direito ao arrependimento SIM, direito a pesar a sua vida na balança. Direito de querer voltar pra casa da mãe e ser FILHA, porque ser mãe em tempo integral realmente cansa.

Você tem o direito de querer recomeçar; De arrumar um namorado LINDO e gostoso e voltar pra academia! Sabia?


Você tem o direito de viajar sozinha, de dormir sozinha e de DECIDIR, sozinha.

Parece, que ainda hoje, em pleno século XXI, as pessoas ainda cultivam a péssima mania de se acharem, SABE-SE LÁ POR QUE, no direito de opinarem o tempo todo na vida das outras, ou, corrigindo: Na vida das mulheres e principalmente das MÃES.

Ninguém pergunta a um homem na balada “Com quem tá seu filho?”

Mas, quantas vezes você já ouviu: “Que lindo!! Aprendeu com o papai (com a vovó, a titia e o capeta!) e  “Que bravinho! Puxou o gênio da mãe!” ?

Até quando somos OBRIGADAS pela justiça a deixar os pequenos passarem o fim de semana com os pais e algo lhes acontece, ouvimos “Que mãe é essa que deixou a criança sozinha com o pai?” A culpa é sempre nossa e a inquisição nunca acabou.


O cara pega o filho 2 vezes por ano ou porque está fazendo um “favor enquanto a esposa arruma a casa”, posta uma foto tomando uma casquinha na esquina de casa e recebe trilhões de curtidas e comentários “Isso mesmo, PAIZÃO! Parabéns” mas você (e eu! E todas nós) passa noites sem dormir pra cuidar de um resfriado ou de preocupação em como vai pagar a escola, você deixa de sair com amigos pra ficar com os pequenos, você da amor, carinho, atenção, comida, educação, leite quente, moradia, lazer, viagens, conselhos, exemplo, bons princípios, índole e enfrenta todos os seus medos sozinha e nunca ninguém vai ter dar um “parabéns” por isso. Sabe por que? Porque não é mais que a sua OBRIGAÇÃO.


Então, se você tem a OBRIGAÇÃO de ser boa mãe (as pessoas nunca param pra pensar que isso chama-se AMOR INCONDICIONAL), você tem por DIREITO estar de saco cheio de tudo isso.

Você não tem que ser perfeitinha, amável, complacente e compreensiva o tempo todo (a não ser consigo mesmo, uma coisa que nós mães, raramente fazemos conosco).

Então relaxa.


Quem não pira de vez em quando, pira!



Bruna Stamato
#tmj