Permitam- me
parafrasear Hermann Hesse dizendo que "A ave sai do ovo. O ovo é o mundo.
Quem quiser nascer precisa destruir um mundo.", pois não conheço metáfora
melhor que essa para descrever as nossas “destruições” pessoais e internas,
aquelas que ninguém vê e muitas vezes, ninguém nem imagina, mas que nos
provocam verdadeiros terremotos de 10 graus na escala Hichter.
O ovo é só
um dos processos metamórficos da vida. Outro belíssimos exemplo que sempre me
fascinou desde pequena, é o das borboletas! Eu tinha muita dó das lagartinhas,
achava que elas pensavam que iriam morrer em breve, já que se fechavam num
casulo um tanto claustrofóbico ao meu ver, e lá ficavam por um bom
tempo...creio que elas fizessem toda a retrospectiva da vidinha delas até li,
que tivessem lá seus arrependimentos e que agradecessem pelas coisas boas e
começassem a se despedir da vida quando, na verdade, algo espetacular
acontecia: Elas ganhavam asas LINDAS e agora eram LIVRES! Ninguém mais tinha
pena por serem rastejantes, agora, todos só lhes tinham admiração. E o que
parecia o fim, era na verdade, o início! Elas começavam a cumprir sua jornada,
o que elas eram, de fato, nunca foi uma lagarta um tanto repudiável, a natureza
delas sempre foi...BORBOLETA.
Processo similar acontece conosco, seres humanos,
mas de formas diferentes e possivelmente, várias vezes na vida. Mas a premissa
é a mesma: Primeiro passamos por intenso sofrimento, nos lamentamos,
questionamos, revemos nossa trajetória, os supostos erros, e quando achamos ser
o fim, na verdade, é o começo. Todo fim é um começo, sem exceção. De uma forma
boa ou ruim.
Grandes mudanças são precedidas por
grandes sofrimentos.
É como o
trabalho de parto. Existem diferentes tipos de trabalhos de parto, mas nenhum
deles, sem contrações. E quanto mais intensas as contrações, mais o trabalho de
parto se aproxima do fim. Na fase expulsiva a dor é quase insuportável, mas absolutamente
imprescindível. Se não fizermos FORÇA, o bebê não nasce, a casca do ovo não se
rompe, e o casulo não se desprende.
Então, o que
quero te dizer aqui é que se você está passando por um sofrimento intenso, é
porque, muito provavelmente, mudanças significativas estão a caminho. Se você
reza e percebe que mesmo assim o sofrimento aumenta visivelmente dia após dia,
não é a hora de abandonar a fé, é a hora de intensificar a oração.
É a hora de
soltar as rédeas, respirar fundo, soltar o grito, e entregar nas mãos de Deus.
Muitas vezes
por medo nós nos acomodamos em situações horríveis. Situações que não desejamos
passar, mas que parece que não conseguimos sair. E aí, de repente, vem uma
tsunami, uma crise enorme e provoca uma mudança brusca nas nossas vidas.
Nem
sempre essa mudança é positiva ao primeiro olhar, na verdade, acho que quase
sempre, ela parece cruel e sofrida logo de cara e a gente não sabe dizer porque
tal desventura aconteceu, já que costumamos ser pessoas boas, de bom coração.
Creio, que
essa mudança imponderável seja vital.
É quando não dá mais pra manter uma
situação, quando temos que sair do ovo de qualquer jeito, quando temos que
parir. Pois se passa do ponto, o bebê morre, a ave morre, a borboleta morre, nós morremos.
E
acredite em mim, há várias formas de se morrer em vida.
Acostumar-se
na tristeza é uma delas. Manter um relacionamento abusivo é uma forma; Morar
onde se detesta é uma forma bem eficaz. E muitas vezes não encontramos a força
necessária para fazer as mudanças precisas de uma forma ponderada. A única
solução que o Universo encontra, então, é na “marra”. Uma coisa é certa:
Ninguém freia um trabalho de parto ativo, assim como ninguém freia as mudanças
de curso da vida.
Deixe os
muros virem abaixo, os sonhos virem abaixo, pare de tentar escorar com as mãos
já machucadas, somente depois que tudo cai é que a gente consegue ter dimensão
do estrago, e então, arrumar os escombros, jogar fora tudo que não serve mais e
começar a construir sonhos novos, uma vida nova, com uma base sólida e
confiável, que não vai balançar com qualquer tremor futuro.
Não construa
seu mundo em cima de ruínas.
Bruna
Stamato
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