Acabo de sentar aqui pra escrever, são quase 9 da noite e só tive tempo agora, depois de ter acordado mais cedo pra bater a roupa que tinha ficado de molho, pra dar tempo de cozinhar o feijão e deixar o almoço pronto, as crianças têm que almoçar meio dia em ponto, daí eu as deixo na escola e vou resolver mais algumas coisas, banco, mercado, farmácia, papelaria, pet shop do cachorro, ih, quando vejo, tô em cima da hora, corro pra escola, passo na padaria e venho pra casa, coloco todo mundo pra tomar banho, faço o lanche e aí vou eu, tentar acalmar a mente e silenciar tantos barulhos. A maioria das minhas amigas tem a mesma rotina que eu, as que não têm filhos estão fazendo MBA ou cursos complementares e conheço ainda, as que têm tudo isso, casa, filho, cachorro, trabalho e AINDA estudam a noite. Foi-se o tempo que largávamos tudo para nos dedicarmos somente à uma área da vida. Foi-se o tempo que éramos mulheres que APENAS sonhávamos com o casamento, que abríamos mão dos estudos e muitas vezes abdicávamos da própria vida para nos dedicarmos inteiramente ao marido e aos filhos. Essa mulher é a da geração passada, do século passado. Provavelmente a sua mãe, assim como a minha. E exatamente por isso, nossa geração de jovens mães (ou, não tão jovens assim) e mulheres não pode mais se espelhar no modelo de mãe que tivemos. A nossa geração continua querendo sim ser uma excelente mãe e dona de casa, PORÉM, e não SOMENTE queremos TAMBÉM sermos outras tantas coisas. Queremos ser boas profissionais, livres em nossos passos, ter autonomia, ser independente. Queremos buscar nossos filhos na escola, leva-los ao parquinho no sábado à tarde, mas também queremos tomar um vinho no sábado à noite. Queremos ir com a família pra Disney nas férias de julho, mas quem sabe fazer um cruzeiro a dois em dezembro... Queremos ensinar os primeiros passinhos, as primeiras palavrinhas, MAS, também queremos aprender francês até o final do ano. Queremos um casamento longo e feliz, PORÉM, queremos também uma carreira promissora, longa e feliz! E por quê não? Por que não podemos ter tudo? Por que temos que escolher entre um e outro? Não temos! Não temos que escolher porque hoje temos acesso a tudo, muito mais que as nossas tias e mães tiveram. Mas precisamos,imprescindivelmente, de algo que elas tinham: TEMPO. Precisamos aprender a organizar o tempo e a PRIORIZAR os setores. Nós, mulheres do século XXI, não queremos abdicar de nada e isso, consequentemente, está nos criando conflitos internos e gerando um estresse gravíssimo que a geração passada não sabe o que é. Queremos – em vão – abraçar o mundo e obviamente, uma das áreas ficará defasada. Nosso novo protótipo de mulher, a nossa versão “Beta” é muito resistente, determinada e multitarefas, mas não atingimos o status de “Super Women” ainda. E compreender isso e desacelerar um pouco, se faz vital. Nunca se ouviu falar tanto de ansiedade, de síndrome do pânico, nunca uma geração fez tanto uso de medicamentos como a nossa! É remédio para dormir, remédio para acordar! Para dar um UP, para acalmar. Remédio para memória, vitaminas anti- stress, remédio para controlar os ânimos. Sei não, mas eu me mantenho um pouco à moda antiga e ainda prefiro uma boa taça de vinho antes de deitar...conselho de mãe! E enquanto aprendemos a empregar corretamente os termos “feminismo”, “empoderamento” e “sororidade” ( que o corretor ortográfico do Word ainda nem aprendeu), os homens estão fazendo o que mesmo? Temos que deixar um espaço pra eles no mundo. Eles estão mais perdidos do que nunca. Temos que endurecer, aprender a desapegar e a não sermos dependentes, mas sem perder a ternura, jamais! Não acho mesmo que o homem tenha que ser o único provedor da casa enquanto nós, Amélias sorridentes e submissas, mas precisamos deixa-los encontrarem o seu papel nesta nova sociedade. Porque está ficando fácil demais pra eles. Nós procuramos, nós damos em cima, ligamos, nós pagamos a conta, rachamos o motel e continuamos com os ditos “papéis exclusivos femininos” como passar roupa e cuidar dos filhos. E ELES?! Aonde eles entram nessa história?! Não é machismo...acho que tem muito CAVALHEIRISMO perdido nesse meio. Qual é o problema do cara abrir a porta do carro? Eu adoro! E pagar a conta no primeiro encontro? Não me sinto menos mulher por isso, pelo contrário, me sinto importante, pois são formas de demonstrar gentileza, e eu não sou um ser frágil por aceitar, justamente porque eu sei do meu valor, das minhas lutas e conquistas e do meu lugar no mundo: Aonde EU quiser. Não preciso entrar em quedas de braço pra provar nada pra macho nenhum. Aliás, continuo gostando bastante de braços fortes e de PEGADA! *Risos* Nós estamos começando uma nova era, seremos uma geração de avós tatuadas, que chegarão aos 60 anos em plena forma física. A verdade é que não estamos tendo onde pegar referências, pois NÓS somos esta nova fornada. Nós precisamos nos acomodar no mundo; Os homens precisam aceitar isso e o mundo precisa se adaptar. Não há retrocesso; Não há caminho reverso; É daqui pra frente. Até a Barbie mudou, ganhou nova roupagem, para se enquadrar nos novos padrões absolutamente despadronizados, mas o Ken...ou esse corre na vida - e não somente na esteira- ou vai ficar pra trás! A Barbie não é mais aquela loirinha bonitinha e boba; hoje ela viaja sozinha, bebe com quem quer e não espera ligação no dia seguinte! ;) Bruna Stamato