Hoje em dia vivemos soterrados em informação, 24 horas por dia, não e novidade pra ninguém.
O único "porém" que percebo é que desta forma vamos acomodando o cérebro a não pensar tanto, apenas, buscar as respostas que precisa, nos deixamos levar pelas ondas da tecnologia, nem nos permitimos o direito ao questionamento, à dúvida; "Se o Google falou, tá falado!" e segue o barco!

Nossa geração cresceu sem estas coisas, porém, se acostumou a viver com essas praticidades da vida moderna e fazer o caminho inverso é impossível à esta altura. O futuro é Hightech!
Agora imagine nossos filhos!
Eu costumo brincar, dizendo que se seguirmos a lei dos caracteres hereditários de Darwin, muito em breve, teremos conexão bluetooth em substituição ao cordão umbilical e nossos bebês já nascerão sabendo falar (ou ao menos, digitar!)!rsrs
Não é raro vermos bebês de colo segurando celulares e interagindo com as telas, com os olhinhos fixos ao que se apresenta. Bebês são altamente sensoriais, adoram barulhos, cores e tudo que é novidade! Até aí, okay! A Galinha Pintadinha salvou meus dias e foi minha fiel escudeira por um bom tempo, confesso!
Acho que o problema está, mais uma vez, quando nos esquecemos de interagir com eles, quando perdemos o meio termo e esquecemos que eles são CRIANÇAS! E que AINDA não nascem falando, digitando e fazendo cálculos matemáticos!
Quando exigimos demais, sem oferecer bases e apoio para um aprendizado contundente, e os encaixamos em padrões pré definidos por uma geração(a nossa!) que ainda não sabe lidar direito com os "Millennials" (eles!) o resultado pode ser catastrófico! Não é só dar um tablet...é estar junto, é ensinar a usar. Não é só jogar numa sala de aula com mensalidades exorbitantes...é ser orientado e oferecer e ensinar um bom conteúdo pra vida.

Quantas vezes você ouviu de um professor, na sua época de colégio, que deveria ser mais solícito com seu colega porque ele tinha TDAH?

Quantas vezes você teve um coleguinha com algum tipo de deficiência, estudando na mesma sala que você?! Eu não tive nada disso.

Hoje, se eu parar para analisar seguindo os padrões "millennials", eu com certeza tive alguns amigos hiperativos, mas que naquela época passavam facilmente por "peraltas".

Toda a inclusão que a INFORMAÇÃO nos possibilita é fantástica!!
Naquela época não fazíamos ideia de como tratar os autistas e as pessoas com síndrome de Down, por exemplo..Não sabíamos de quantas coisas maravilhosas elas eram capazes!
Mas, novamente, o "Porém" é a MODERAÇÃO. Temos que ter MODERAÇÃO, ou como dizia meu avô, PARCIMÔNIA, ao tratar, diagnosticar, comunicar e apontar os comportamentos, principalmente das nossas crianças, nossa geração Y!

No começo do ano, minha caçula, que fez 6 aninhos no final de Janeiro, passou do pré para a primeira série (ou primeiro ano), e com 15 dias de aula, em meio à toda loucura do carnaval baiano (onde moramos temporariamente), a nova coordenadora do infantil da escolinha me chamou para uma "conversa", que na verdade foi um monólogo porque eu fiquei tão perplexa que nem consegui responder. 

Ela me disse, desta exata forma "Mamãe, tudo bom? Nós (quem?) achamos que a Nicole tem algum déficit de atenção, pois ela não está acompanhando a turma e sugerimos que você procure um reforço escolar e ajuda profissional (psicóloga) pra ela!". 
O "detalhe" é que esse seria o terceiro ano dela nessa escola...Então, gostaria mesmo de saber o que eles fizeram dentro de sala nos anos anteriores, que não garantiu a menor base para o ensino fundamental e tal "déficit" passou despercebido, mas, enfim...fiquei chocada e achei um absurdo, mas claro, fui me informar né, fui conversar com outras mães!
Juro pra vocês que de 10 mães que eu falei, 9 estavam tendo algum problema de adaptação ao primeiro ano. 
Comecei a reparar no comportamento da Nicole, que sempre foi super alegre e de repente começou a chorar querendo ficar em casa, inventava doença pra matar aula e chorava litros, todos os dias. Ela me disse que a professora a deixou a semana toda sem recreio porque ela não conseguia copiar a matéria no caderno quadriculado! PERA! Ela nunca tinha visto um caderno quadriculado na vida! 
Decidi trocar de escola e pedi um acompanhamento especial da coordenação pedagógica pois, caso houvesse mesmo a necessidade, eu buscaria ajuda especializada pra ela e muitas opiniões diferentes também.
Na primeira semana na escola nova ela já estava outra! Animadinha e cheia de disposição.
Com 1 mês de escola nova, as professoras me chamaram para o relatório, onde diziam que a Nicole é uma criança de fácil convivência, muito prestativa com os colegas e com excelente argumentação e formulação de frases (filha de geminiana né gente!kkk) e que não havia indício algum que ela tivesse qualquer transtorno de aprendizagem.
Fui conversar com as mães da turminha nova e de 30 alunos, mais da metade ainda não sabe ler e escrever sozinha. 
A professora (e paixão!) da Nini, tia Manu, me disse uma coisa que guardarei comigo: 
"Independente do estímulo e da criação que a criança recebe em casa, nós somos todos diferentes uns dos outros. Ninguém é igual à ninguém. Por tanto, o tratamento em sala de aula também tem que ser individual e seguir as necessidades pessoais. Cada um de nós tem seu tempo nessa vida, pra tudo."

E eu fiquei pensando nisso... Não podemos generalizar! Imagina se eu tivesse saído correndo para um consultório médico e mais uma vez, tivesse um diagnóstico errado, de um profissional que parece não ter muita paciência em exercer a fundo sua profissão, e a essas horas a Nini tivesse tomando medicação sem a menor necessidade?!

 Temos que parar com essa mania boba de comparar as crianças..."Ah, porque o filho de Fulano andou aos 8 meses e fala inglês fluente aos 5 anos". De ver um vídeo de uma criança em 1 milhão que é auto - didata e poliglota... ÓTIMO pra ele, mas será que o filho do Fulano tem a habilidade de desenhar tão bem quanto o seu filho tem?
Será que a criança que é fera em matemática tem uma concordância e fluência verbal tão apurada quanto a outra que se esforça para aprender os números?
É impossível ser perfeito em tudo!
Todos nós temos nossas aptidões, predileções e TEMPO de aprendizagem. 
O que tem nos faltado é PACIÊNCIA. Paciência para conosco, paciência com as crianças, paciência com os alunos...

Estamos nos tornando um mundo impaciente, intolerante, onde quem não segue esse ritmo é prontamente "descartado".  

Queremos e "precisamos" de tudo pra ONTEM, tudo pra JÁ, não temos tempo a perder...Não temos tempo pra ensinar, nem pra aprender nada novo.
Mas...não foi à toa que René Descartes declarou que "Penso, logo existo." e que tal citação é atemporal.
Porque pensar é VITAL, é fundamental, é mágico! Aprender é um processo lento porém fascinante!
Por que não darmos esse direito às nossas crianças?!
Eu dei à minha pequeninha...Dei um voto de confiança à ela, lhe dei tempo e calma, para que ela siga seu ritmo natural. Sem forçar barras, sem pressão e castigos desmedidos.

Não prendamos nossos cérebros em minúsculas caixinhas ou pior, em pequeninas telas.
O único padrão que devemos adotar para criarmos um lugar melhor para se viver, é o "despadronizado". Isso nos evitaria muitos sofrimentos desnecessários.
#VivaAdiferenca