Não, nunca foi amor! Lembra daquela tarde que passamos conversando, horas a fio, sem sequer reparar que o tempo voou? E lembra daquela vontade enorme de continuar o papo quando você chegou em casa sozinho? Fica tranquilo. Não era amor. Lembra de quando fizemos amor sem pressa, com as mãos entrelaçadas? Não fizemos amor.Não fizemos nada. Sabe quando o coração acelerava quando me via chegar e o mundo ao redor parecia sumir? Eu sei. Mas relaxa, também não era amor ali. E toda aquela vontade de falar comigo na madrugada, pra contar um caso banal? É...deve ser normal. Todo mundo faz isso. Não era amor também. Nem nas vezes que gastávamos horas pensando no que dizer no próximo encontro, nem nas vezes em que lutamos para não haver desencontros...quem dera mas amor não era. O jeito que eu ficava ao te ver sorrir...esquece.Eu não quero que haja amor aqui. O vazio gelado que a minha cama fica quando você não esta, o silêncio na casa esperando você chegar...não, amor não há. A dúvida insistente se você vem, a vontade incontrolável de te chamar de amor, meu olhos queimando ao ver o que você tem, essa tua ausência que me causa dor.Vá sem culpa. Nunca foi amor. A tua mania irritante de dizer que eu to errada, de que eu devo parar. E eu continuo mantendo a minha porta aberta, esperando você entrar...mas em amor não vamos pensar. Os planos que eu fiz pro nosso futuro,eu sempre desarmada e você levantando um muro, eu sempre calada à espera de um único lamúrio, um chiado, um gemido, qualquer barulho... que quebrasse o gelo. O gelo que já foi fogo um dia, o fogo que já foi paixão, a paixão que não quer ceder mas...nunca foi amor pra você. Agora você me diz isso tudo, que me avisou desde o começo e que nunca mentiu pra mim. E agora eu me sinto uma louca, perdida, como eu inventei sozinha um amor assim? Agora você se vai, vai sair da minha vida, sem nem direito à despedida ou uma carta de um não - amor. Torce pra eu ficar contida, pra mais ninguém entrar na minha vida, pra isso tudo virar lembrança. Me deixe sozinha na vida...com uma caixa vazia de recordações, mas o peito cheio de esperança... de tudo que poderia ter sido, se tivesse tido um pouco de amor nessas minhas invenções. Me diga onde termina a linha tênue que separa o amor das outras alucinações. E arrume um nome pra isso, que não quer me deixar, que me causa calor, que me faz querer sair correndo de mim mesma, mas...que nunca foi amor.